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Friday 3 July 2015

O príncipe. Parte I

Entrada para as possibilidades.



Doce esperança. A janela se abria para o mar.
O sol adentrava no quarto, espalhava-se pela sala.
Em cada canto, em cada lugar... A garota esperava.
— Não vou embora. Vou ficar.
Ela esperava o seu príncipe. Esperava o seu amor.
Aqueles cavaleiros, aqueles heróis...
E ela, como uma donzela em perigo, só precisava de um abrigo.
De um protetor!
— Você vem, não vem? — ela perguntou.
— Eu vou.
Mas o sol já ia se pôr. O último pássaro na noite voou. E nada.
Como sair pelo mundo afora? Como se aventurar sem um amor?
A última luz da casa se apagou.
— Cansei.
O sol novamente raiou. Era um novo dia. Sua consciência dizia:
— Vai mesmo assim desistir?
Assim como, menina? Deus sabe o quanto essa garota se esforçou.
— Eu vou.
A garota abriu a janela, se curvou.
Era lindamente alto dali de cima.
Ela olhou para trás, para o seu passado sombrio. Havia medo...
Daria uma boa queda.
Quem se importaria com ela? Ele não viria...
E a pobre donzela? Não tardaria... Morreria.
Sem protagonistas de filmes ou novelas, a garota vivia no mundo real.
— Não existem príncipes encantados, minha filha.
Era o que sua mãe sempre dizia.
Para que viver então? Para sofrer de amor? Sonhar com aquele que nunca voltou?
Por que existir sorrisos, senão para sorrir?
Olhares só servem para atrair... E trair.
Mentira não é apenas mentir. Não confie.
— Cansei.
A garota deu mais um passo.
— Se você cair, eu vou junto.
Seus pensamentos estavam com ela. Não queriam se perder para sempre.
— Está mesmo desistindo do amor?
— O amor não existe.
— Como pode ter tanta certeza?
— Eles são todos iguais...
Mentira. Ela não podia saber. Havia sido ele apenas o primeiro.
— Não dá mais.
— Dá sim.
Entretanto, já era tarde.
O sol já não raiava com tanta força.
Suas pernas pararam de tremer.
O medo a deixou.
E a garota, com toda força de vontade,
Pulou.
Ela,
Como
Nunca
Antes,
Voou.

Felipe Ferreira

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