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Wednesday 29 July 2015

Consulta sentimental. Parte I

Sobre aquela garota


Meu Coração e minha Razão estão tendo uma conversa muito séria neste instante.
A Razão, sentada à sua mesa, em seu escritório, analisa todos os documentos que tem em mãos. O Coração está sentado à sua frente, esperando...
— E então? — o Coração pergunta.
— Temos um problema sério aqui... Não sabemos se estamos apaixonados, se é apenas algo passageiro ou se essa é o tipo de garota com quem queremos nos casar... Faz quanto tempo que estamos com esses sintomas?
— Há um pouco mais de um mês.
— E ainda estamos assim?
O Coração fica aflito.
— É muito grave?
A Razão dá um grande suspiro, ainda analisando os papéis sobre a mesa.
— Pelo que vejo aqui, já deveríamos saber o que estamos sentindo...
— Mas por que essa incerteza?
A Razão vai até a gaveta mais próxima, retira uma pasta e começa a analisá-la com calma.
— Hum... Aqui está.
— O que foi? — o coração indaga, assustado.
— Aqui estão nossas lembranças... Nossas últimas experiências sobre esse mesmo assunto não foram nada boas. Por isso estamos tentando fugir de tudo. Por isso não queremos uma resposta. A verdade é que estamos com dúvidas sobre o amor.
— Mas nós a amamos, não é?
— Por que acha isso, Coração?
— Eu sempre fico acelerado quando a vejo, ou quando falo com ela...  e eu quase paro de funcionar quando a gente se abraça.
— Ok... Mas eu não sinto nada disso.
— Nada?
— Nadinha! Então não. Não pode ser amor.
— Mas eu sinto que é com ela com quem devemos ficar. Toda vez que ela sorri para mim ou me olha com aqueles olhinhos lindos e fofos, eu fico maluco!!
— Ok... Mas eu não.
O Coração se indigna:
— Como não?!
— Não sei. Aliás, não sei de nada. Aliás, só sei que nada sei.
O coração tenta se acalmar. Quando consegue, faz a pergunta que tanto o incomoda:
— O que você sente, então?
A Razão para de analisar os papéis sobre a mesa e resolve falar tudo sem rodeios, ser direta ao ponto, para não deixar nenhuma dúvida no ar.
— Sinto que não dará certo e que deveríamos esquecê-la agora, pois se ficarmos adiando, será muito pior para nós dois.
— Mas esquecê-la sem ao menos tentar? Razão, você não está pensando direito!
— Não, você não está entendendo, Coração... Sou eu que penso aqui.
— Não podemos fazer isso! Temos que tentar!
— Eu já disse: Sinto que não dará certo. Ela nunca nos corresponderá, coloque isso na sua cabeça! E eu não estou a fim de perder essa amizade, tão boa que construímos até aqui.
O Coração, não acreditando no que acaba de ouvir, explode de raiva.
— Não importa o que você diga, estou nem aí! Eu vou continuar batendo cada vez mais rápido quando vê-la.
— Não pode fazer isso! Não me desobedeça, Coração, será melhor para nós dois.
— Você não manda em mim!
A Razão abriu a boca para retrucar, mas não havia nada para rebater. Só restava concordar com ele.
— É... Desta vez, você tem toda a razão.

Felipe Ferreira

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