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Thursday, 11 June 2015

O jeito com que o mundo me olha



Sempre achei minha vida uma droga. Achei que não havia jeito de uma mudança e que eu sempre estaria presa naquele sofrimento, em um círculo fechado, girando e girando, sem nenhuma escapatória. Eu amaldiçoei o dia em que minha mãe me gerara, amaldiçoei os nove meses que tive de passar naquela maldita barriga. Eu não queria mais continuar vivendo daquele jeito. Continuar naquele inferno para quê? Minha mãe não queria saber de mim, meu pai quase nunca estava em casa e, quando estava, só sabia brigar com ela. Se eu morresse, ninguém sentiria minha falta. Ninguém se importaria. Eu só seria uma garota a menos no mundo.
Antes de entrar no colegial, até que eu conseguia enfrentar sozinha os problemas do dia a dia; eu não era tão isolada, e tinha alguns colegas legais, até. Porém quando entrei no ensino médio tudo pareceu piorar em uma velocidade surpreendente. A sensação de estar distante de tudo e todos estarem distantes de mim aumentava a cada dia. Eu não gostava de falar com ninguém e ninguém se importava de vir falar comigo; para a maioria eu era invisível e eu até que achava melhor assim. Eu chegava da escola, cansada e deprimida, e ia direto para o quarto e lá ficava, em meu próprio mundo. Eu costumava me olhar no espelho, me deparar com uma gorda horrível que merecia morrer; e então eu chorava até dormir. Eu não tinha nada para fazer, não tinha amigos, não tinha com quem me divertir e nada com o que me preocupar. Era apenas eu, e meus pais brigando na madrugada perturbando os vizinhos.
Um dia, mais deprimida que qualquer outro da semana, me tranquei no banheiro, depois de ter comido demais. Eu não estava me sentindo bem e meus pais, para ajudar, estavam brigando feito cão e gato. Eu parei outra vez em frente ao espelho, olhando aquele rosto que eu já cansara de ver e desejei sumir por um instante. Mas sumir não era uma opção no momento, não dava para simplesmente estalar os dedos e desaparecer. Será que serei sempre assim, – pensei comigo mesma – gorda e feia? E decidi que não queria ser daquele jeito para sempre, que tinha de mudar, e se eu mudasse, talvez, as pessoas passassem a ser mais legais comigo e aí eu pudesse ter amigos e tudo o que eu nunca tive, e ser uma garota normal, aceita pela sociedade. Então, pensando nas inúmeras formas de mudar a minha vida, pensei no que seria a ideal, a qual eu poderia começar naquele exato momento. E foi quando me ajoelhei em frente ao vaso sanitário, abri a tampa e coloquei o dedo na goela, até sentir toda a comida subir pela minha garganta e vomitar. E esse foi o primeiro dia.
Desde então, todos os dias após eu jantar, eu acabava correndo direto para o banheiro. Vomitar não era legal, eu sabia, mas não me importava. Eu não me importava com o gosto ruim que ficava na boca, eu não me importava com os efeitos colaterais. Eu só queria ficar igual às garotas da tevê. Ficar bonita e parar de sofrer com o mundo lá fora. Porém, mesmo depois que eu comecei a perder um pouco de peso, eu não via indícios da felicidade. Eu tinha medo que mesmo depois de ficar magra, eu continuasse infeliz, sem amigos, em uma eterna solidão... fiquei me perguntando se as coisas melhorariam depois disso e acabei percebendo, por fim, que não. Minha mãe continuaria ignorando minha existência e meu pai continuaria fazendo as coisas que ele fazia.
Os dias se passaram e, depois de um mês, após ter conseguido chegar aos cinquenta quilos, olhei-me novamente no espelho esperando ver uma pessoa diferente e vi a mesma garota obesa de sempre, e pensei: nada disso está adiantando, afinal. Frustrada e com muita raiva, eu me joguei na cama para chorar até o sol nascer no outro dia. Eu queria dormir para esquecer todos os meus problemas, dormir para sumir com toda aquela raiva e dor... Mas não consegui dormi. Fiquei acordada, olhando para o teto do meu quarto até de madrugada, quando meu pai chegou e acabou completamente com o meu sono. Ele chegou gritando com minha mãe e eram duas da manhã quando meus pais ainda estavam discutindo. Meu pai a xingava de todos os nomes e ela gritava feito uma louca. Eu estava passando mal e não estava aguentando toda aquela gritaria. Foi quando me levantei da cama, e fui para o banheiro, com a intenção de vomitar, mesmo sem ter comido nada, porque vomitar estava se tornando mais normal a cada dia.  Porém, quando olhei para o lavatório, vi uma lâmina de barbear. E não tive tempo para pensar direito no que eu estava fazendo... foi automático e muito rápido. Tudo o que eu queria era aliviar aquela dor de alguma forma e pensei que aquela seria uma boa solução para os meus problemas. Peguei a lâmina e fui para o canto do boxe, sentando-me no chão, olhando para o meu pulso... eu nunca havia sentido tanto medo; ele veio como o forte vento da chuva: rápido e gélido, da cabeça aos pés, fazendo tremer cada parte do meu corpo. Mas eu tinha que liberar toda aquela raiva, eu estava cansada de guardar tudo aquilo para mim e, naquele instante, em um único corte, eu tirei uma boa parte do peso que estava me sufocando. Senti a dor de imediato, e um alívio grande, tudo isso misturado com um sentimento de culpa. Fiz outro corte, e mais outro... E para cada gota de sangue que caía, eram rios de lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Elas se amontoavam ali no chão, formando a marca da minha angústia e sofrimento... formando minha identidade... o que eu era e o que ninguém podia mudar.
Os frequentes vômitos e cortes foram então o escape que eu achei que tinham de ter os problemas da minha vida. A automutilação aliviava sim, sem dúvidas, mas o problema é que tudo voltava com mais força depois. Por causa dos cortes que eu fazia no pulso, tive de usar blusas de frio para escondê-los, e isso se tornou uma dificuldade porque eu passei a ser mais estranha na escola do que eu já era. Eu notava o olhar de cada um. Era um olhar diferente, dizendo que eu não fazia parte daquele mundo, dizendo para mim que eu deveria morrer porque seria a melhor coisa a se fazer. Eu estava prestes a acreditar naquilo. Depois de um tempo os cortes não estavam adiantando mais, não doíam tanto quanto doía minha alma. Eu me olhava no espelho e ainda via a mesma garota gorda e infeliz, pensando em me jogar de algum prédio alto e atrapalhar o trânsito de algumas pessoas. Eu já estava desacreditada do mundo, sem nenhum propósito de vida.
Mas aí aconteceu algo que eu não esperava: eu ganhei uma amiga.
Ingrid era uma garota legal do colégio que andava com outras pessoas legais, às quais eu considerava pessoas muito acima da minha classe social para falarem comigo algum dia. E, eu não sei por que, mas Ingrid quebrou aquela barreira invisível ao falar comigo e, por incrível que pareça, me tratou como seu eu fosse uma garota normal. E só sei que do nada ela havia se aproximado de mim e logo estávamos falando de vários assuntos aleatórios. Do nada estávamos fazendo trabalho em minha casa, assistindo filmes de terror e falando bobagens. Do nada ela havia se tornado minha melhor amiga e, mais tarde, mais que isso, uma irmã. Do nada. Não sei como ela descobriu o quanto que eu estava precisando daquilo, mas ela chegara quando eu mais precisava e soube exatamente como tirar um sorriso de mim quando eu mais queria chorar. Com o tempo eu até parei um pouco com os cortes, porque, mesmo sem ela saber dos meus problemas, ela conseguia fazer com que eu os esquecesse, de um jeito que eu não conseguiria sozinha.
Todo mundo deveria ter uma amiga assim, para te colocar para cima na hora certa, para te levantar quando você está prestes a cair. Eu só tinha medo de que um dia, quando Ingrid descobrisse o que eu passava em casa e o que eu às fazia no banheiro, ela nunca mais falasse comigo. Por isso mantive tudo em segredo. Por três meses.
Certa noite meus pais passaram do limite. De modo geral, eles apenas brigavam verbalmente, e eram apenas palavras sujas jogadas ao vento, e muita gritaria. Mas dessa vez, não sei o que houve, meu pai estava muito mais alterado e avançou para cima da minha mãe e começou a agredi-la, dando tapas em seu rosto. Eu sabia que minha mãe não se importava com minha existência, e que eu poderia muito bem deixá-la ali no chão, chorando, enquanto o bêbado do meu pai continuava batendo nela. Mas eu não podia ver um homem agredindo uma mulher e não fazer nada, então eu avancei para cima do meu pai, tirando-o de cima dela; e nessa, meu pai virou a mão e deu um soco em meu rosto, que me jogou para trás. Irritada e gritando aos infernos, peguei o primeiro objeto que vi em minha frente e acertei a cabeça dele. O vaso se quebrou e meu pai caiu, sem mais se levantar. Eu me afastei, olhando para minha mãe e vendo-a assustada pela primeira vez. Mas tudo o que ela disse foi:
— Não pedi sua ajuda, vadia.
Porque ela me odiava. E seria sempre assim. Minha mãe nunca quis que eu nascesse; e desde que sua tentativa de aborto não dera certo, ela tem me odiado. E como eu poderia viver, se a minha própria mãe desejava que eu não tivesse vindo ao mundo?
Eu corri para o banheiro, chorando, e me tranquei lá dentro. Peguei a lâmina que havia escondido, ainda com marcas de sangue, e olhei para o meu pulso. Rasguei minha pele com força, enquanto mordia os lábios para não gritar. Aquele seria o momento. Eu estava fazendo tudo de novo, só que dessa vez eu sangraria até morrer. Não parecia como os outros dias, em que eu pensava na morte apenas por pensar; a morte estava mais perto de mim dessa vez, e eu conseguia senti-la. O desgosto que havia em mim era tão grande que morrer seria o melhor remédio.
Foi quando senti meu celular vibrando... e vi o número da Ingrid na tela... E chorei mais ainda porque Ingrid não merecia uma amiga como eu. Ela não merecia não saber da verdade...
— Laura? É a Ingrid... Laura? — Eu apenas fiquei chorando, segurando o celular, olhando o sangue escorrer pelo meu braço, sem coragem para dizer...
— Está tudo bem com você? Parece que está chorando. Laura! Por Deus, fala alguma coisa, está me deixando preocupada!
Foi quando eu engoli o choro e falei com ela. E disse toda a verdade, todos os meus problemas, tudo o que eu passei nos últimos anos e o que eu estava fazendo para aliviar toda minha dor. Expliquei a droga da minha vida a ela e disse para não se preocupar mais comigo porque aquele seria o último dia que eu sofreria.
— Laura, você não precisa fazer isso.
— Ninguém vai se importar. Eu não sou a garota ideal que o mundo deseja. Ninguém vai dar a mínima se eu morrer. Tudo o que eu sou é uma gorda a qual o mundo não precisa.
— Laura, do que você está falando? Eu já disse que a gorda aqui sou eu, pare com essa ideia maluca de que é gorda, está bem? E com certeza há muito em você que o mundo ainda não viu, você só está assim porque...
— Não, Ingrid, você não entende! Eu não quero mais viver! Estou cansada!
— Você não pode! Eu vou me importar se você morrer. Será que isso não conta?
Como apenas continuei chorando, Ingrid continuou:
— Você só está com raiva, Laura. Depois de tudo o que você tem passado, é normal você se sentir assim. Eu só peço a você que não desista agora. Você já chegou até aqui, pode continuar. Se está cansada, pare com o que está fazendo, por favor, e vá descansar. Amanhã na escola conversamos mais sobre isso, está bem?
Eu acabei concordando com ela. Só porque Ingrid estava sendo mais que uma amiga para mim; estava sendo a irmã que eu nunca tive, e que sabia muito bem como cuidar de mim. Para ela me ligar naquele exato momento, quando eu estava prestes a cometer uma besteira maior, eu só pude pensar que fosse um sinal divino ou algo assim.
No dia seguinte, levantei bem melhor sabendo que Ingrid, minha melhor amiga, ao saber dos meus problemas, continuava do meu lado. Meu pai já não estava mais em casa, a sala estava limpa, e minha mãe tinha ido para o trabalho. Tomei meu café da manhã, e saí de casa como quem queria uma mudança. Ingrid confiava em mim, achava que havia jeito em minha vida e não queria que eu sofresse. Então eu comecei a me perguntar por que Ingrid se importava tanto comigo e o que ela ganharia, afinal? No final das contas, Ingrid apenas sofreria. E eu não queria que Ingrid sofresse, por isso disse a mim mesma que me esforçaria ao máximo para dar o melhor de mim.
Mas houve uma coisa. Na escola, quando chegamos, Ingrid e eu não conseguimos nos falar muito porque para falarmos daquele assunto precisávamos ficar a sós, então ela disse que falaria comigo com mais calma na saída. Porém, antes do último sinal, na aula de Física, o professor pediu um trabalho em dupla para fazermos e entregarmos em sala. No mesmo instante, Ingrid juntou sua mesa à minha para fazermos o trabalho, mas Helena, que fazia parte da outra roda de amigos de Ingrid, ficou com muita raiva, pois aparentemente ela ficaria sozinha. Então, ela se levantou furiosamente e veio às nossas mesas:
— Por que se sentou com ela? — disse a garota, fuzilando Ingrid com olhos.
— Vamos fazer o trabalho juntas.
            Helena não pareceu nada satisfeita com a resposta.
— Por que está fazendo isso? Já ganhou a sua aposta. Já sabemos que pode ser amiga de uma estranha. Mas agora você já pode parar de fingir e voltar a andar com a gente!
Eu olhei para Helena, depois para Ingrid.
— O que ela está falando, Ingrid?
— Nada.
— Nada? — Helena se exaltou, depois se virou para mim: — Acha mesmo que ela está sendo sua amiga de verdade? Acha mesmo que do nada você ganharia uma melhor amiga, com quem sempre poderia contar, sem o mínimo de esforço?
— Não, isso não é verdade — Ingrid se defendeu — eu sou sua amiga, Laura. Não dê ouvidos a ela.
— Isso tudo foi uma aposta!  Uma aposta que fizemos para ver quanto tempo ela aguentava você. E, pelo visto, ela ganhou.
Eu esperei até que Ingrid olhasse nos meus olhos.
— Isso é verdade? — perguntei.
— Laura...
— É verdade? Apenas responda.
— É, mas...
Eu comecei a chorar. Levantei-me, Ingrid tentou me impedir, querendo se explicar, mas eu não queria ouvir o que ela tinha para dizer. Disse para o professor que estava passando mal e que precisava ir ao banheiro e fiquei lá trancada até o término da aula. Chorei até o mundo acabar. Queria que acabasse. Seria melhor assim. E desejei, mais que nunca, ter aquela lâmina em minhas mãos...
Depois, fui até a sala de aula, peguei minhas coisas, e saí correndo, querendo chegar o mais rápido possível em casa. No caminho, entretanto, Ingrid começou a gritar o meu nome e me seguir, enquanto eu apressava o passo, dizendo para ela me deixar em paz. Como ela não parou de correr atrás de mim, dobrei à esquina e fui por outro caminho, seguindo um novo plano.
A algumas quadras da minha escola tinha uma rodovia, onde passavam muitos carros em altas velocidades. Era exatamente para lá que eu estava indo, agora certa do que eu queria fazer e certa de que não ninguém se importaria.
— Laura! Laura!
Eu ignorei Ingrid. Larguei a mochila no chão para correr mais rápido e continuei em linha reta, não me importando com os próximos segundos. Eu só queria deixar aquele mundo para trás e tudo o que havia nele.
— LAURA, NÃO!

************

Acordei no dia seguinte, em um quarto particular, e logo percebi que não era um hospital da rede pública, pois nunca que eu ficaria em um quarto como aquele, o qual parecia mais uma suíte de luxo. Um enfermeiro supersimpático me atendeu, dizendo o quanto que eu tivera sorte em ter sobrevivido. Ao meu lado, em uma poltrona, estava Ingrid, dormindo. A minha testa estava envolta de uma grande faixa branca, e o meu corpo inteiro estava cheio de curativos. Tentei me mexer, mas doeu. Eu não me lembrava muita coisa do que tinha acontecido... Quando Ingrid acordou, e me viu consciente, ela começou a chorar sem parar.
— Oh, me Deus! — ela disse em meio as lágrimas, levantando-se e m dando um abraço — Me perdoe! Me perdoe! Me perdoe!
Ingrid repetiu muitas vezes “me perdoe” antes de me soltar, mas ela ainda continuou chorando ao falar:
— Eu não deveria ter feito aquilo. Fui uma idiota ao fazer aquela aposta. Me perdoe. Eu não sabia que você passaria a ser tão importante em minha vida. Tudo o que eu disse, cada palavra, foi verdade, eu não estava mentindo! Você se tornou uma irmã para mim e sempre vai ser minha melhor amiga.  Eu amo você! — e ela me abraçou novamente.
Aquelas lágrimas, aquele olhar desesperado, aquele abraço... eu não sabia se acreditava em tudo aquilo. Porém, naquele momento, Ingrid era a única que estava ali, do meu lado, garantindo minha segurança.
— Ingrid... Por que eu estou aqui, cadê meus pais?
Ela se afastou, enxugou as lágrimas e sentou na poltrona.
— Bem... Não conseguimos falar com seu pai. E sua mãe...
— Não quis vir — eu disse. E Ingrid confirmou com a cabeça — Seus pais estão pagando isso aqui?
— Meus tios. Tecnicamente não tenho pais.
E ouvir aquilo foi muito estranho, porque até então eu a achava uma garota perfeita. E eu não acreditava que nunca tínhamos falado sobre seus pais.
— Sei o que pensa. Acha que sou uma garota normal e que não passo por problemas... Mas você tem de entender que não é só você que tem problemas, Laura. Há pessoas por aí com problemas piores que o seu. Eu sempre fui bullyada na escola por ser  gorda; viviam me dando apelidos como Baleia fora d’água e Botijão de Gás. Aposto que você nunca foi chamada assim. Porque, só para você saber, você não é gorda, eu tenho trinta quilos a mais que você. A minha mãe morreu de câncer ano passado. O meu pai está preso desde que eu tinha dez anos de idade. E eu nunca tentei me matar por isso. Porque a vida é assim, não é fácil para ninguém; se para cada problema que tivéssemos resolvêssemos não viver mais, não haveria mais ninguém no mundo. Mas eu entendo você, Laura. Você não teve amigos, não teve com quem compartilhar suas dores... Não tem mais de ser assim. Eu estou aqui agora, e não vou deixar nada de mau acontecer a você. Eu vou estar sempre ao seu lado para o que der e vier, não importe quantas vezes você falhe e erre. Porque os amigos são para isso, não desistem um do outro, mas se cuidam e se amam. E eu vou caminhar junto com você, como uma verdadeira amiga e irmã.
Tudo o que fiz foi chorar. Porque as palavras me faltaram para dizer o quanto que eu a agradecia por isso.

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Eu mudei. E muito. Mas não dependeu apenas de Ingrid, dependeu muito mais de mim, para falar a verdade. Porque mudar não é fácil. Enquanto você está querendo subir, há pessoas querendo te derrubar e às vezes o seu próprio ego pode levar você à ruina. Então o segredo, realmente, é não desistir.
Todo dia que chego em casa dou um beijo e um abraço na minha mãe, e digo que a amo, sem esperar nada em troca. Quando meu pai chega, depois de semanas fora, faço o mesmo; e é muito bom vê-lo sorrindo para mim.

Não me importo mais o jeito com que o mundo me olha. Não existe um padrão, isso eu aprendi. O que me importa é o que eu realmente sou e que não podem mudar. Eu estou feliz por me olhar no espelho e não ver mais aquela garota gorda e horrorosa. Vejo agora a criação mais perfeita de Deus: uma garota que sabe o que quer da vida e que não tem nenhum medo de ser feliz.

Felipe Ferreira

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