Introdução: Noite
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"Não pensa nela. Não pensa nela. Não pensa nela."
É engraçado como juro esquecimento pela lembrança contínua de uma mandante ligada ao assunto que, primeiramente, se pretende esquecer.
"Não vai funcionar. Nunca vai funcionar."
Repito o procedimento impulsivamente em desespero de acelerar o processo, esquecendo a inutilidade do mesmo.
É óbvio que ela é a única coisa na minha mente.
"Desisto."
Acomodo os seus restos dentro de mim. Te olho de canto, sem virar completamente o rosto, deitado com a cabeça ainda no travesseiro, como se estivesse deitada ali do meu lado.
"Quer ficar? Fica. Se não você, eu lido com isso."
Busco força interior. Busco egoísmo baseado em lógica.
"Deixa ela ir. Isso não te faz bem. Isso não vai te ajudar. Deixa ela ir."
Espremo o espaço da memória ligada a você, sufocando o conteúdo.
"Ambos sabemos que você não vai fazer."
Solto e deixo ser. Entre tosses e inspiros, te ouço engolir seco.
Tu me fala sem presunção ou ressentimento:
- Ora, não é como se eu estivesse aqui por vontade própria.
- Me desculpa. Eu não sei como lidar com essa situação.
- Tatu do bem.
- Mas você não viu o que eu acabei de tentar fazer?
- Tatu do bem.
O que me vêm em primeira é admiração pela sua capacidade de perdoar.
O que me vêm de segunda é o medo de eu ter feito você sentir o que já fiz.
Em terceira é decepção em saber que já deveria ser uma lição aprendida.
Por conta da distimia, não existia força pra basear a resistência.
Cansada definia. Era aquele tudo bem que não deveria.
- Me desculpa.
- Adriano, tatu do bem.
Ela está certa. Não é culpa dela, é sua.
A memória que volta incessante e inconsciente é a prova irrefutável da importância dela, que engloba tantas coisas que você cultua.
Não é ela quem não te deixa esquecer, é você que a perdura.
"O que eu vou fazer?"
Mikio
Ela. Parte II
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