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Wednesday, 19 August 2015

O ponto



Vejo-o quando saio de casa,
Quando estou parado na rua,
O ponto está lá.
Relembrando nossos momentos,
Revivendo tais sentimentos...
Como fugir? — Não há.
Daquela noite eu me lembro,
Do nosso toque sagrado,
Do céu olhando-nos, apático,
Enquanto nos despedíamos.
Eu tinha em mim que era a hora,
E você não se mostrou diferente.
Era o ponto. Vamos admitir:
— Aquilo foi bom para a gente.
Guardado está em minha memória
O gosto, o sabor, o gesto.
Eu quis fazer a nossa história,
Não era o certo? Não culpe-me, lhe peço.
Não me arrependo.
Repetiria o procedimento.
A vida é curta.
Não há tempo para o lamento.
Pegaria outra vez em sua mão,
Correria com você para o mesmo lugar,
De frente para a rua outra vez,
No ponto a ficar, se amar, e se amar...
Repetiria os mesmos sorrisos,
Voltaria a dizer as mesmas palavras,
E acreditaria que fosse real,
E não apenas um conto de fadas.
Digo o que sinto. Ponto.
Não minto.
Você acreditou antes,
Por que não acreditar agora?
— Porque agora mudamos de pontos...
Não pegamos mais ônibus no mesmo lugar.
O certo é que a lembrança fica,
Continua dentro de nós, a nos perturbar...
“Aquela noite nunca mais se repetirá”
“Aquela noite nunca mais se repetirá”
“Aquele beijo nunca mais se repetirá...”
Mas ainda espero sair de casa em paz
Parar na calçada, em um dia ensolarado
E não ter mais de me lembrar do passado,
De quem eu era quando estava ao seu lado.
Só me resta a esperança de parar no mesmo ponto,
Lembrar-me daquele beijo,

Mas não mais sentir a necessidade de tê-lo outra vez.

[Felipe Ferreira]

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