Estar onde é mais seguro
Ela caiu no
mar. Podia sentir a água salgada em seu rosto.
Podia ver,
em tons de azul, as coisas fora de seu lugar.
Estava viva.
Mas por quanto tempo?
A cada
segundo que passava, mais a garota afundava.
Enquanto
isso, ela se lembrava. De todas suas mágoas,
De tudo que
a assustava...
De todas as
pessoas que, mesmo agora, não lhe faziam falta.
— É melhor assim, uma parte dela dizia.
Já a outra
queria viver o que ainda não tinha vivido.
As
lembranças ainda sussurravam em seus ouvidos...
Suas amigas tinham
tudo o que queriam ter:
Casa enorme,
joias, correntes e belos vestidos.
Elas, umas
princesas. E ela apenas sonhando em ser.
— Aqui príncipes
encantados não existem.
Mas princesas, sim. Ela as vira crescer.
E enquanto umas se tornavam rainhas,
Outras nem tinham o que comer.
A vida é cruel? Não para ambos os lados.
— Você vai morrer assim, como uma donzela em perigo
Que não encontrou o seu príncipe encantado.
— É esse o meu destino, afinal? A moça se perguntava.
Não era. Ela só estava longe de casa.
Na verdade não precisava de príncipe nenhum.
Mas ele chegou, em um passo de mágica:
Desprovido de beleza, sem nem um tostão,
Apenas no seu barquinho, lhe estendo a mão...
Estava.
A garota Subiu à superfície;
Respirou como se fosse a primeira vez.
— Eu não vou morrer? perguntou.
— Quem disse?
O moço sorriu e toda tristeza se desfez.
Ele não é nem príncipe, pensou.
“E você nenhuma princesa.”
Os dois, afinal, combinavam, em toda sua essência e beleza.
O que faz de um homem um príncipe, afinal?
Ele a salvara, era um herói!
Príncipe não se cria. Príncipe se constrói.
O que é a beleza perto de um ato?
O que é a riqueza comparada ao amor?
— Você está bem? — Estou.
Agora ela estava.
Estava decidida a viver o seu próprio conto de fadas.
Iria com aquele pescador pelo mar,
Buscar novas aventuras, novos desafios.
Iria enfrentar o que quer que fosse,
Ignorando quaisquer calafrios.
Chegaria um novo dia. Não tardaria.
Ela não mais donzela seria.
Dormiria menina e acordaria mulher.
— Agora você pode ser quem você quiser.
Felipe Ferreira
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